sábado, 15 de setembro de 2012

À espera do próximo Helicopter Day


Após a pausa para jogos das selecções na fase de apuramento para o Mundial de 2014, eis que regressam ao activo os campeonatos por essa Europa fora, exceptuando, claro está, Portugal onde se teima em fazer calendários que ninguém percebe e que contribuem para arrefecer a paixão pela modalidade.

Feito este reparo, recuperemos o expoente máximo da loucura do futebol na época transacta. Sem prejuízo da falibilidade própria de qualquer opinião, não estarei a cometer qualquer sacrilégio ao apontar o Manchester City – Queens Park Rangers (QPR) da última jornada da Premier League como o momento alto do ano futebolístico 2011/2012. Os condimentos estavam todos lá: duas equipas com objectivos em jogo na última jornada – uma à procura da conquista do título de campeão que lhe escapava desde a época 1967/68, a outra com a permanência na Premier ainda por confirmar -; uma equipa multimilionária a ter que lutar  não apenas contra o adversário mas ainda contra o peso da enorme responsabilidade do momento; um estádio lindo, a abarrotar de adeptos desejosos por festejar tão ansiada conquista.

As coisas até começaram bem para o Manchester City quando o argentino Zabaleta deu vantagem ao City aos 39 mins. da 1ª parte. Sabendo da importância e influência que um golo em cima do intervalo tem no desfecho de um jogo, parecia que o City estava com uma mão no título... Nada mais errado! Logo no início da 2ª parte, Cissé fez o empate aos 47 mins. depois de falha imperdoável de Lescott. Dali a pouco, Barton, um verdadeiro selvagem, decide agredir Tevez e é expulso aos 54 mins. Não satisfeito, ainda pontapeia Aguero antes de abandonar o campo. Dada a maior qualidade dos jogadores do City, e agora em vantagem numérica, pareciam reunidas as condições para que o City voltasse a pegar no jogo e construir uma vitória com relativa tranquilidade. Mas o futebol é avesso a lógicas... E os Deuses decidiram que deveriam ser os underdogs a assumir a liderança (1-2) aos 65 mins. O susto de perder o campeonato em casa instalou-se no espírito dos Citizens... Esse susto foi sendo paulatinamente agudizado à medida que os minutos foram passando sem que o marcador mexesse, dando lugar ao medo, à histeria, à pura demência! Porém, os Deuses do futebol também gostam de finais felizes e, num ápice, aos 91 mins. e 93 mins., Dzeko e Aguero respectivamente conseguem virar o resultado, dando a vitória 3-2 ao City que lhe permitiu conquistar o título 44 anos depois... ao eterno rival Manchester United! Memorável!



A já longa história do futebol brindou os adeptos do desporto-rei com centenas de dias inesquecíveis como este. Contudo, nenhum deles terá proporcionado um episódio tão caricato quanto o que de seguida se relata. Época 2004/2005,  os dois rivais de Glasgow – Celtic e Rangers – entram para a última jornada com hipóteses de serem campeões, embora o Celtic partisse em vantagem na corrida ao título porquanto tinha 2 pontos de avanço sobre os Rangers. Ambos jogam fora: o Celtic contra o Motherwell, os Rangers contra o Hibernian. Está um helicóptero estacionado entre as duas cidades pronto a aterrar num dos estádios para entregar o título ao futuro campeão escocês. Tudo começou bem para o Celtic quando aos 29 mins. do seu jogo se coloca em vantagem 1-0 com golo de Chris Sutton. Com este golo, com este resultado, de nada valia a vantagem do Rangers que vencia 1-0 fora perante o Hibernian. Estes resultados mantiveram-se até muito próximo do fim pelo que as autoridades da Scottish Premier League deram ordem para o helicóptero partir em direcção a Motherwell para entregar o troféu ao Celtic. Mas no futebol os jogos só acabam quando o árbitro apita e dois golos de Scott McDonald aos 88 e 90 mins. do jogo colocaram o Motherwell a vencer o Celtic 2-1 e ofereceu o título de campeão ao Rangers. Ficaria célebre a reacção do comentador escocês ao 2º golo do Motherwell: “the helicopter is changing direction”! E assim foi. Épico!



Nós, os amantes do futebol, ficamos ansiosamente à espera do próximo Helicopter Day!

2 comentários:

JP disse...

Bem, este post passou-me completamente "ao lado" na medida em que só hoje o li.

Embora tenha acompanhado de perto a desisão da Premier League da época passada, foi óptimo ler o teu emotivo relato.

Já a outra história, do helicóptero, desconhecia completamente. É uma bela página na história do Desporto-Rei, caricata como tantas outras.

Gostei de ler!

Falcão disse...

Origado pelos elogios JP. A tua participação no blog é sempre bem-vinda!

Um abraço,

Falcão