domingo, 1 de julho de 2012

Olho para o negócio: boas soluções em tempos de crise

Com o aproximar da pré-época, é natural que comece a tão aguardada dança das transferências, compreensivelmente apelidada de silly season, fruto dos infindáveis rumores (sustentados ou não) que a caracterizam. Porém, e especialmente em época pós-Euro, existem muitos jogadores super inflacionados precisamente em virtude do referido certame: é o caso, por exemplo, de João Moutinho, Bruno Alves ou Miguel Veloso, do lado português; Bendtner, Modric, Strinic, Dzagoev, Gebre Selassie, Jiracek, Pilar, Yarmolenko ou Konoplyanka, só para citar outros casos de jogadores "da moda" cujo valor aumentou exponencialmente com a sua participação no Euro, e que, portanto, os clubes neles interessados terão de abrir os cordões à bolsa caso queiram contar com os seus préstimos.

Todavia, existem, a meu ver, três categorias de jogadores que seriam óptimas oportunidades de negócio nesta época estival: a) Jogadores que não participaram no Euro 2012; b) Jogadores que, tendo feito parte dos plantéis que participaram no Euro, não jogaram ou tiveram uma participação reduzida; c) Obviamente, os jogadores livres, que não representam qualquer custo (tirando os salários e possíveis comissões) para os clubes interessados.

a) Começando pelos jogadores que não participaram no Euro, temos um vasto leque de atletas que poderiam ser óptimos investimentos, tendo em conta o binómio qualidade/preço. Citando alguns exemplos:

- Dries Mertens. Este extremo belga do PSV é um excelente jogador para qualquer equipa de média/grande dimensão. Extremamente veloz e incisivo, alia a imprevisibilidade técnica a um poder de finalização muito interessante para um jogador que não é um avançado puro.

- Georginio Wijnaldum. Também do PSV, o jovem "10" holandês seria uma excelente aquisição para qualquer clube da alta roda europeia. Vítima do excesso de qualidade no seu raio de acção, não foi convocado para o Euro. Todavia, é questão de tempo até se tornar num indiscutível da selecção das túlipas.

- John Guidetti. Este jovem sueco, emprestado pelo Manchester City ao Feyenoord na época finda, falhou o Euro por lesão. Porém, 20 golos em 23 aparições não é coisa que passe despercebida. Sem grande espaço no clube inglês, decerto vingaria no futebol português.

John Guidetti

- Manuel Fernandes. A grave crise financeira do seu clube, o Besiktas, pode ser meio caminho andado para adquirir este médio centro completo a um preço bastante acessível. Causou alguma estranheza não fazer parte dos 23 eleitos da Selecção Nacional, mas o clube que o levar nesta nova época agradece.

- Milos Krasic. Extremo sérvio que joga (pouco) na Juventus. Um caso estranho de sub-rendimento e pouca sorte no futebol italiano, após várias épocas brilhantes ao serviço do CSKA de Moscovo. Já exigiu sair do clube transalpino, pelo que não será de ignorar sondar os seus serviços. Traria qualidade ao futebol português.

Também poderia referir outros atletas, como Burak Yilmaz (34 golos ao serviço do Trabzonspor) ou Bas Dost (31 golos pelo Heerenveen), mas já houve quem se adiantasse a garantir a sua colaboração. Lazio e Wolfsburg, respectivamente. Simão Sabrosa também poderia ser um reforço interessante.

b) Não obstante terem marcado presença no Euro, não fizeram/não tiveram oportunidade de mostrar o seu valor e, consequentemente, "inchar" o valor do seu passe, constituindo por isso alvos interessantes:

- Ricardo Quaresma. Tal como acontece com Manuel Fernandes, a situação financeira do clube turco pode potenciar a sua saída a um preço acessível. Uma excelente opção para qualquer clube português (e não só).

- Hugo Viana. Seria sem dúvida um jogador que faria a diferença num campeonato periférico (Grécia, Turquia, Rússia...), bem como num grande do futebol português.

- Kevin Strootman. Não jogou um único minuto na selecção holandesa, mas este médio centro do PSV será decerto um caso sério nos próximos anos. É agarrá-lo enquanto é tempo, para quem quiser um Van Bommel mais evoluído tecnicamente (também joga um pouco mais adiantado).

Kevin Strootman

- Anders Lindegaard. Quem quer um óptimo guarda redes que não é titular nem no seu clube (Manchester United) nem na sua selecção (Dinamarca)? Com 28 anos, está prestes a atingir o pico de maturidade como futebolista. Dado o papel secundário que tem tido nos últimos anos, seria uma excelente aposta para assumir a titularidade de um clube que jogue na Liga dos Campeões.

- Steve Mandanda. Nunca tendo saído da Ligue 1, o guarda redes do Marselha e suplente dos Bleues está na hora de dar "o salto", sob pena de cair em processo de estagnação. A Premier League seria uma boa aposta.

c) No final de cada época existe invariavelmente uma miríade de jogadores que não renovaram o vínculo contratual com os clubes empregadores. Este ano temos alguns "casos" interessantes como José Bosingwa, Alessandro Del Piero, Salomon Kalou, Tomas Sivok, Lukasz Fabianski, Markus Rosenberg, entre outros. Quem pagar mais leva!

Salomon Kalou

2 comentários:

Filipe Almeida disse...

Belos negócios, sem dúvida. De todos os campeonatos europeus, olhando a uma relação preço/qualidade, o campeonato holandês deve ser seguido com muita atenção. Dos jovens do Feyenoord, os "Koeman babies", Biseswar, Clasie ou Jerson Cabral até Chadli e Fer do Twente ou ainda Siem de Jong do Ajax, grandes jogadores... A Portugal chegaram já dois talentos, Ola John e Labyad e espera-se a vinda do Luuk de Jong..

Um abraço!

PS: Belo blog:)

Miguel Tavares de Pinho disse...

Antes de mais, agradeço (e também em nome do Falcão) o elogio!

Relativamente ao post em si, a liga holandesa é na verdade um manancial de pérolas bem acessíveis ao mercado português. E com mais prospecção, acredito que o mercado belga também viesse a ser uma mais valia: não esquecer que de lá vieram jogadores como Witsel, Defour, ou até o Bryan Ruiz que neste momento joga no Fulham (ainda antes do Twente jogava no Genk).