quinta-feira, 12 de abril de 2012

Bélgica: the next big thing

Jean-Marie Pfaff, Jan Ceulemans, Enzo Scifo, Eric Gerets, Frank Vercauteren. Qual o elo de ligação entre todos estes nomes? Fácil. A geração de ouro belga que brilhou na Europa e no Mundo nos anos 80, atingindo, por exemplo, o quarto lugar no México'86. Após esta talentosa fornada de jogadores, a Bélgica viveu um "apagão" até aos dias de hoje, com participações pontuais em grandes torneios, tendo no entanto oferecido ao mundo de futebol outras grandes estrelas, como o nosso bem conhecido Michel Preud'homme (que durante alguns anos foi um verdadeiro "abono de família" no Benfica), o goleador Luc Nilis, ou o estratega Marc Wilmots, que após o término da carreira futebolística, abraçou a política, tendo mesmo chegado a deputado.

É certo e sabido que o sucesso das selecções nacionais depende em grande parte das tão propaladas "gerações de ouro". Temos o exemplo da nossa Selecção Nacional, mas não só: a grande e igualmente surpreendente Dinamarca de 1992, a Roménia de 1994, a França de 1984 e do final do século XX, entre outras. E quem sabe, de 2012 em diante, a Bélgica. É a minha grande aposta. E porquê?

Não obstante o insucesso nos jogos de qualificação para o Euro 2012 - quiçá alguma inexperiência em virtude da juventude de muitos dos seus jogadores - a verdade é que a Bélgica é uma das selecções europeias que reúne o maior número de jovens jogadores de elevadíssima qualidade, sendo que a maior parte já alinha no onze inicial de grandes clubes europeus.

Assim, começando pela baliza, aparece desde logo o titularíssimo colchonero Thibault Courtois (que pertence aos quadros do Chelsea), de apenas 19 anos. Apesar de nos últimos jogos internacionais o titular ter sido o igualmente jovem de valor Simon Mignolet (Sunderland), o guarda redes do Atlético Madrid parece estar destinado a grandes voos. Literalmente.

Na defesa, evolui do lado direito um central adaptado, Toby Alderweireld, titular do Ajax, sendo que na lateral oposta tem jogado o gunner Thomas Vermaelen. A razão para este excelente defesa central ter sido "encostado" ao lado esquerdo prende-se justamente com o excesso de qualidade no centro da defesa, uma vez que a dupla Jan Verthongen (Ajax) e Vincent Kompany (Manchester City) são garantia de solidez e qualidade defensiva. Seria uma pena qualquer um destes jogadores sentar-se no banco de suplentes, daí a adaptação do jogador do Arsenal, que não tendo todavia a mesma intensidade de jogo que teria se jogasse a central, é no entanto uma opção muito mais válida que qualquer outra alternativa para essa vaga.

Axel Witsel

Por sua vez, no meio campo, abunda o talento em quantidade: no centro do terreno a Bélgica usufrui de jogadores como Axel Witsel (Benfica), Steven Defour (FC Porto), Radja Nainggolan (Cagliari), ou Marouane Fellaini (Everton). A número 10, talvez o melhor jogador belga dos últimos 20 anos: Eden Hazard, de apenas 21 anos, que espalha magia no campeonato francês, ao serviço do campeão em título, o Lille. Frequentemente comparado a Zidane, Eden Hazard é já ardentemente cobiçado pelos grandes emblemas europeus, algo que se explica muito facilmente tendo em conta o binómio qualidade/juventude. Uma pérola a seguir com toda a atenção!

Eden Hazard

Do lado esquerdo do ataque poderá surgir Kevin De Bruyne, jogador de uma virtuosidade técnica e de uma rapidez impressionantes, que evolui no Racing Genk, tendo já no entanto sido contratado pelo Chelsea para a época 2012/2013. Por seu turno, o lado direito do ataque é normalmente ocupado por falsos extremos, como Moussa Dembelé (Fulham) ou Kevin Mirallas (Olympiakos), jogadores não tão espectaculares e prometedores como os anteriormente mencionados, mas já com alguma experiência internacional e de fiável consistência competitiva.

Romelu Lukaku

Finalmente, no ataque, a selecção belga dispõe do goleador Jelle Vossen (Racing Genk) e da grande promessa do Chelsea, Romelu Lukaku, de 18 anos, um "monstro" de 1,93 e de 95 kg, factores que são todavia enganadores, uma vez que o jovem de ascendência congolesa é dono e senhor de uma técnica requintada e de uma velocidade fora do normal para alguém da sua estampa física. Talvez devido à gritante diferença entre o campeonato belga e a Premier League, Lukaku ainda não evidenciou ao mundo as credenciais que levaram o Chelsea a contratá-lo por €20M ao histórico Anderlecht, clube pelo qual se sagrou o melhor marcador da liga belga com apenas...16 anos. Será apenas uma questão de tempo até manifestar todo o seu enorme potencial.

Face ao exposto, caso as grandes promessas se venham a confirmar como grandes certezas, e com maior experiência e maturidade com o passar dos anos, não tenho dúvidas que a Bélgica se poderá tornar num caso sério no panorama europeu a curto/médio prazo. É esperar para ver.

2 comentários:

Luís disse...

São grandes jogadores, resta saber se vão singrar. A França e Holanda campeãs de sub 21 não tiveram sorte com os craques (Drenthe, Huntelaar ou Cissé) Também o Dani se tem tido juízo estava feito um dos melhores números 10 de sempre, tipo Rui Costa.

E ainda se vão ter treinadores à altura...

Miguel Tavares de Pinho disse...

Claro que tudo depende de uma variante infindável de factores, mas a verdade é que os belgas têm aqui matéria prima para crescerem nos próximos anos. E basta que grande parte deles vão jogar para os campeonatos mais competitivos da Europa para ganharem estaleca e consistência competitiva.